Foto: resgatar.blogspot.com
- Então é isso? - perguntou José.
- Sim, meu filho - respondeu o porteiro do céu. - Infelizmente, é isso mesmo.
- Deixe-me ver se entendi... Estou há dois dias na fila para entrar no céu e o senhor está me dizendo que eu peguei a fila errada. É isso mesmo?
O porteiro do céu estampou um sorriso angelical no rosto. Em seguida, respondeu:
- Perdoe-me filho, mas consta no sistema que você deveria ter se dirigido ao limbo.
- Então vocês têm um sistema? - voltou a perguntar José, de forma visivelmente irônica.
- Exatamente. Mas parece que tivemos uma falha operacional.
- E o limbo? - aventou José.
- O que tem ele?
- Ele não havia sido extinto por decreto papal?
Sem titubear, o porteiro soltou uma gargalhada.
- Gabriel! - gritou o porteiro. - Venha aqui! Que lhe mostrar uma coisa...
- O que foi, irmão? - indagou Gabriel, o anjo.
Ainda com um sorriso incontido, o porteiro ordenou a José:
- Repita a pergunta!
José fico desconfiado. Achou que estavam rindo da sua cara. Mas, como não tinha nada a perder a não ser a alma, resolveu ariscar:
- O limbo não foi extinto por decreto papal?
Mais uma vez o porteiro caiu na gargalhada. Desta vez, contudo, seguido por Gabriel e pelos outros anjos que se amontoavam sobre a entrada do céu. Aquele postulante a uma vaga no paraíso era um verdadeiro fanfarrão.
- C-H-E-G-A! - gritou José!
O grito de José ressoou sobre o céu e ganhou a terra sob a forma de trovão. Todas as 37.000 pessoas que aguardavam na fila calaram-se, assim como o porteiro e os anjos.
- Eu quero falar com o seu supervisor agora mesmo! - disse José. - Agora mesmo!
- Veja bem, senhor... Não procedemos desta forma aqui no céu, já que...
- Não quero saber - interrompeu-lhe José. - Eu quero falar com o seu supervisor!
- Que assim seja... - disse o porteiro, antes de abrir os portões do céu e fazer um gesto para que José entrasse.
Com o peito estufado, José adentrou no paraíso.
Logo viu uma placa informando que a diretoria estava localizada à esquerda. Resolveu ir até lá.
Já na entrada, viu uma porta entreaberta. No fundo da sala, sentado junto a uma mesa repleta de folhas e carimbos, havia um homem barbudo. Era a exata imagem de Deus.
- Só pode ser ele... - ponderou.
- O que você quer, meu filho? - perguntou-lhe o homem barbudo.
- Deus, é você?
- Sim, meu filho, sou eu mesmo. O que você quer, afinal?
- Eu quero uma vaga no paraíso. Nada mais! - disparou.
Deus olhou sério para seu filho. Em seguida, coçou sua longa barba branca e disse:
- Vou lhe fazer uma pergunta bem simples. Mas advirto-lhe que seu futuro depende dela.
- Ótimo! Pode perguntar!
- Quando vivo, qual era a sua banda favorita? - perguntou-lhe Deus, enfim.
- Calypso - respondeu José. - Por quê?
Deus, então, apertou um botão vermelho que havia embaixo de sua mesa e um alçapão abriu-se sob os pés de José, fazendo com que este escorregasse diretamente para o inferno.
- Onde eu estava com a cabeça quando inventei o livre-arbítrio? - perguntou-se Deus em voz alta.
- Onde eu estava com a cabeça...
2 comentários:
hehee... ótimo texto. concordo com o aperto do botão hehe
no entanto, discordo de uma coisa:
37 mil pessoas? acho que é muito para entrada no céu, tendo em vista que a arapuca bíblica é bem armada. 10 mandamentos+livre-arbítrio=inferno.
creio que a fila seria beem menor hehehe
abraço!!
uahauahauaha A-D-O-R-E-I
muito justo.
xD
Dani - PTDL
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