sexta-feira, 25 de março de 2011

Aquela camisa...

Foto: caipirapira.blogspot.com


História Baseada em fatos reais.

Aquele era apenas mais um dia de trabalho para Flávio.

Se estivesse vestindo as mesmas roupas de sempre, talvez passasse despercebido em meio aos colegas.

Ocorre que, naquele dia em especial, ele resolveu ousar no modo de se vestir. E foi aí que tudo começou...

Antes do início do expediente do local onde Flávio trabalhava, Arthur e três colegas jogavam conversa fora na sala de um destes. Conversavam sobre coisas cotidianas. Coisas banais. Até que o inesperado aconteceu.

Flávio, que chegara um pouco atrasado, teve a péssima ideia de escorar-se na porta da sala onde estavam os demais colegas.

Quando colocaram o olho nele, foi um desespero. Todos os quatro, sem exceção, seguraram o riso como somente um monge tibetano o faria.

Paulo, o mais incontido, perguntou ao recém-chegado:

- Vai dançar salsa?

Mal a pergunta ressoou pela sala, todos caíram numa gargalhada infindável. Não havia como segurar o riso diante de tamanha falta de bom senso.

Flávio, no auge da ingenuidade, havia ido trabalhar com uma calça verde musgo, um sapato marrom escuro e uma camisa rosa com mangas longas. Em outras palavras, estava parecendo um dançarino de salsa.

Não bastasse isso, quando Flávio se virou, perceberam que nas costas da camisa havia um enorme dragão vermelho todo rodeado por lantejoulas ou algum material parecido... Um disparate em forma de pano.

Aquilo foi o bastante para que os colegas pegassem em seu pé pelo resto do dia/semana. Era só vê-lo nos corredores para que começassem a cantar músicas do Sidney Magal e algumas outras tantas em espanhol. Hilário. Simples assim.

Desafiado a ir trabalhar outro dia com a mesma vestimenta, Flávio (corajoso que só) caiu na besteira de voltar na semana seguinte com a mesma camisa. Queria mostrar para todos que suas vestes não tinham nada demais.

Ocorre que as gargalhadas continuaram incessantes, o suficiente para que nunca mais aparecesse em seu trabalho com o famigerado dragão vermelho de lantejoulas sobre as costas.

Sempre que esta história é contada para os novos colegas, estes (além de rirem muito) dizem que gostariam de ter presenciado a cena. Acham difícil de acreditar que Flávio - um cara aparentemente sóbrio - vestiria-se de maneira tão heterodoxa.

Depois daquele segundo episódio, Flávio nunca mais apareceu na repartição com as mesmas roupas. Alega que a camisa não lhe serve mais, já que teria supostamente engordado.

Os colegas que presenciaram a cena, no entanto, não acreditam na versão do amigo. No fundo, imaginam que ele ainda deva se vestir daquela forma vez ou outra, em algum lugar bem longe dali.

Outros, mais radicais, acreditam que ele engordou propositalmente, porquanto esta seja a única forma de não usar a fatídica camisa e ainda bater no peito dizendo que só não usa porque não serve...

De qualquer forma, Flávio deve ter aprendido algo importante naquelas duas tardes de ousadia: Dragão vermelho com lantejoulas nunca mais!

Nunca mais...

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