sexta-feira, 27 de maio de 2011

A incrível loja de guitarras...


Foto: lemongras.posterous.com

Ricardo era considerado um virtuose das guitarras.

Determinado que era, dominava o instrumento desde os 9, por influência do irmão mais velho.

Hoje, com 22, gabava-se por executar inúmeros solos como ninguém. Conhecia o braço da guitarra como quem conhece os próprios pensamentos. 

Podia ouvir uma nota errada a quilômetros de distância. Quilômetros, eu disse.

Ademais, fazia do ato de tocar guitarra seu modo de viver. Tudo em sua vida, sem exceção, estava ligado ao instrumento.

Até mesmo suas namoradas eram escolhidas dentre o meio musical que frequentava. Sair com uma patricinha, cujo gosto musical era oposto ao seu, estava totalmente fora de cogitação.

Até que um dia conheceu Letícia. 

Foi numa quinta-feira à noite, na cantina da faculdade, que a viu pela primeira vez.

A agressividade de seus lábios carnudos praticamente acabaram com Ricardo que, incontido, dirigiu-se até ela. Paixão à primeira vista.

Encontraram-se algumas vezes antes de começarem a namorar firme.

A princípio, Ricardo tinha esperanças de mudar sua namorada. No entanto, foi justamente o contrário que aconteceu.

Sem que ele mesmo percebesse, havia mudado seu estilo de vida. Cortou os cabelos compridos, largou os jeans rasgados e, pouco a pouco, passou a deixar a guitarra de lado.

Logo que passaram a morar juntos, Letícia - sua namorada - praticamente o obrigou a largar seu tão amado instrumento. 

A guitarra ou eu, impôs-lhe ela.

Agradá-la nunca fora tarefa das mais fáceis. Ricardo sentia como se precisasse multiplicar-se para satisfazer seus anseios e ordens.

Com o passar do tempo, no entanto, Ricardo percebeu que já não era mais o mesmo. O suficiente para sentir pena de si mesmo. 

Que tipo de homem se transforma dessa maneira?, pensava todos os dias.

Um dia, chegou em casa e não encontrou sua guitarra. Aos questionar Letícia, ouviu que ela havia vendido o instrumento há dois meses.

Ricardo sentiu raiva. Muita raiva. Mas diante de sua nova condição, não se sentia capaz de protestar.

Dias mais tarde, ainda com raiva de si mesmo por ter se permitido ser tão passivo, caminhava pelo shopping sem maiores pretensões.

Estava pensando em voltar para casa quando avistou uma loja de instrumentos musicais. Decidiu entrar. Afinal, sua namorada não haveria de saber.

Quase tremendo, empunhou uma fender stratocaster e teve vontade de chorar.

- Toque alguma coisa! – disse o vendedor.

- Não, brigado – respondeu Ricardo, triste.

Quando estava se virando, ouviu o vendedor dizer:

- Não precisa ter vergonha.. Se quiser, eu mesmo posso lhe ensinar uns acordes... Que tal?

Ricardo sentiu o sangue ganhar-lhe a face. Não podia acreditar naquilo que acabara de ouvir.

Então, num rompante categórico, arrancou a guitarra das mãos do atendente, aumentou o volume do amplificador valvulado, e executou o solo mais empolgado da história daquela loja de instrumentos
Quiçá, daquela cidade. 

Uma verdadeira epifania musical.

A moça que trabalhava no caixa, cujo crachá apontava o nome Maria, deu um largo e autêntico sorriso.

Ao vê-la sorrindo daquela maneira, Ricardo não teve mais dúvidas. Sabia que precisava de uma guitarra e uma nova namorada; talvez não nesta mesma ordem.

Sorte a sua que as duas coisas encontravam-se no mesmo lugar. Numa incrível loja de guitarras...

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Estão de olho em você


Você fez algo errado esta semana? Mês passado, quem sabe?

Tenha cuidado, então. Mais cedo ou mais tarde alguém pode aparecer com um vídeo que servirá como prova.

Atualmente, com toda essa tecnologia que nos cerca, dificilmente nossos atos - éticos ou não - passarão despercebidos aos olhos de terceiros.

Inexoravelmente, sempre terá alguém com uma câmera registrando nossos passos. 

Digamos que você, numa tarde qualquer do verão, resolva furar a dieta e se esbaldar em um pote enorme de sorvete. Próximo à sorveteria, um assaltante rouba o banco.

Pronto, quando você menos espera, acaba aparecendo no jornal nacional, bem ao fundo, perfectibilizando seu crime particular.

Um exemplo bobo, é claro, mas que ilustra bem o big brother que vivemos hoje em dia.

Fico pensando que os bandidos de um modo geral devem passar trabalho para saírem incólumes de seus crimes, sobretudo pelo fato de que qualquer um traz consigo um celular com câmera.

Se pelo menos fosse exigido um porte específico para portar uma câmera, tal qual fazem com as armas...

Sempre que ouço as histórias contadas pelos mais velhos, fico pensando que quase todas elas seriam impossíveis nos dias de hoje. Muitos fotógrafos amadores por metro quadrado para o meu gosto.

Um dia qualquer você entra no you tube e percebe que há um vídeo seu entre os mais acessados do planeta. Um vídeo não autorizado, é claro.

Há, por óbvio, quem goste de toda essa exposição. Pessoas ansiosas para abrir um sorriso em favor de um flash qualquer. Mesmo que seja da câmera que guarnece o caixa eletrônico do seu banco.

Na minha modesta opinião, câmeras demais = vaidade demais.

De qualquer forma, fique ligado. 

E lembre-se que todos os seus atos - dos mais triviais aos mais ousados - poderão sempre ser eternizados por um curioso qualquer.

Fazer o quê? É o preço que pagamos por toda essa modernidade... 

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Questão de educação

Foto: bancoajudacsg.blogspot.com

Seria chover no molhado dizer que professores são pouco valorizados?

Juro que não consigo entender como um profissional tão importante para a sociedade pode receber tão pouco a título de remuneração.

É uma vergonha que os responsáveis pelo crescimento da nação precisem de uma greve para fazer valer seu direito de receber R$ 1.187,00 por mês.

É um absurdo achar que os profissionais ligados à educação deveriam ser os mais valorizados do mercado?

Se queremos, de fato, que o Brasil vire a potência que os políticos de um modo geral vivem prometendo em ano eleitoral, precisamos rever esses conceitos rapidamente.

Os investimentos na educação devem, obrigatoriamente, passar pelo salário do profissional que transmite o conhecimento para as próximas gerações. Um educador insatisfeito jamais será um educador dos sonhos. Um educador que faça a diferença.

Se arranjamos dinheiro o suficiente para construirmos estádios de futebol superfaturados para a copa de 2014, também conseguiremos dinheiro para dar um upgrade num dos setores mais importantes da sociedade.

Acredito que se trata de uma questão de prioridade. O problema é que a educação está longe de ser a prioridade do governante brasileiro.

Será que é mesmo tão difícil assim conjugar esforços e fazer da educação brasileira um exemplo?

Parece-me que sim. 

Na verdade, tudo não passa de uma questão de educação. Que ironia...

sábado, 21 de maio de 2011

Namoros que transformam

Foto: 94fm.com.br


Por que algumas pessoas ficam diferentes quando estão namorando?

Alguém sabe me responder?

Conheço algumas que, tão-logo começam um relacionamento mais sério, simplesmente se transformam.

Da noite para o dia, abandonam os amigos, não frequentam mais os mesmos lugares, entre outros atos.

É estranho, mas este fenômeno tem se mostrado algo extremamente comum nos dias de hoje.

Não sou nenhum especialista no assunto, porém acho uma atitude totalmente equivocada anular os amigos ou aqueles com quem você vinha convivendo até então.

Em alguns casos, o problema é outro. A pessoa até sai com sua companheira, mas acaba se comportando de maneira estranha quando junto dos amigos.

Quem não conhece alguém que é uma pessoa quando está sozinho e outra totalmente diferente quando acompanhada?

Se você não possui a capacidade de ser o mesmo sempre, certamente estará fadado à infelicidade.

Fingir ser outra pessoa para agradar sua namorada é, no mínimo, hipocrisia.

Lembre-se que ela não se apaixonou pelo homem que você fingi ser hoje, mas por aquele que você era quando a conheceu em meio aos seus amigos.

Mexer no time que está ganhando nunca é uma boa pedida. Nunca...

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Inverno...


Foto: tempestade10e.blogspot.com

Inverno. Ah, o inverno...

Existe estação mais dividida do que esta?

Diferente das outras três, a estação inverno costuma provocar reações extremistas. Basicamente você a ama ou a odeia.

Desde novo, sempre tive uma relação tempestuosa com esta estação, pois sofria em demasia com os efeitos devastadores da rinite. Só quem já sofreu deste mal sabe do que estou falando.

No entanto, assim que fui ficando mais velho (e descobrindo remédios ótimos), passei a olhar o inverno com outros olhos. Com olhos de apreciador.

O frio possui uma beleza diferente. Uma beleza pouco apreciada, eu diria.

Verdade que se trata de uma beleza doída, que requer muita roupa, mas nem por isso menos interessante.

Pode parecer meio estranho, mas uma das coisas que mais gosto no inverno é do silêncio que vai ganhando as ruas à medida que a estação toma corpo. Nada daquela algazarra comum ao calor.

Às vezes, vou até a sacada do meu apartamento e fico olhando para o horizonte. O vazio e o silêncio são tão belos quanto a literatura os descreve.

Sem falar que não existe estação mais apropriada para dormir, comer e degustar um excelente vinho. Existe?

Sempre fui um entusiasta do verão, mas é só elencar as maravilhas inerentes ao inverno para que eu fique em dúvida no que diz respeito à minha estação preferida.

Mas, pensando bem, acho que seria um erro da minha parte escolher apenas uma estação, porquanto cada uma delas traz consigo um beleza diferente.

Dentre tantas incertezas, só tenho a certeza que vou gozar das benesses proporcionadas pelo inverno sem preocupação. 

Afinal, alguém vê algum problema em beber um bom vinho embaixo do cobertor? Ou dormir um pouco mais que o habitual? 

Alguém?

terça-feira, 17 de maio de 2011

Eu e minha biz contra o resto do mundo

Faz pouco menos de 1 ano que comprei minha biz, mas lembro como se fosse hoje a primeira vez que ganhei velocidade em cima dela.

Antes disso, devagar e sempre era meu lema (devagar mesmo). 

Como vocês podem perceber, no começo eu tinha medo de andar rápido. Tinha a sensação que ia voar de cima da biz e estatelar-me no chão. 

Hoje, ao contrário, considero-a meu "brinquedo" favorito.

Estou até fazendo planos de comprar uma moto maior. Apenas planos, por enquanto.

Muito embora goste bastante da minha "bizicleta", seria legal ter uma moto de verdade para variar um pouco.

Ultimamente, tenho apreendido a gostar de coisas novas e diferentes, que sequer imaginei um dia. Talvez seja este um dos motivos que me faz considerar a vida algo tão interessante.

Para quem nunca teve o prazer de andar de moto, saiba que é muito diferente de carro. Automóveis são seguros, ortodoxos por natureza. Motos, ao contrário, possuem um quê de transgressão.

Na mesmo proporção que um carro não lhe transmite liberdade, uma moto não lhe transmite segurança. Enfim, duas medidas, dois prazeres bem diferentes.

É uma pena que a maioria dos condutores não é educada o bastante para trafegar com segurança, de modo que andar de moto nada mais é do que exercitar a direção defensiva ad eternum.

Aliás, tudo neste país seria diferente se fôssemos um povo mais educado, mais consciente.

O que me faz concluir que o problema não são as motos, mas as pessoas que estão sobre elas.

Simples assim.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Chuva de incertezas...


Foto: kimovimento.blogspot.com

- Você tem certeza que quer fazer isto?

- Tenho, sim. Nunca tive tanta certeza em minha vida – respondeu Marcos.

Tão-logo ouviu a resposta almejada, Rafaela atirou-se nos braços dele. Suspiros era só que se ouvia naquela inquieta sala de estar.

Rafaela não parecia nem um pouco incomodada com o fato de que Marcos tinha uma namorada chamada Fernanda. Esta, por sua vez, sequer imaginava que seu amor (Marcos) encontrava-se nos braços de outra.

Coisas da vida.

Marcos - o traidor -, por outro lado, estava explodindo por dentro. Não compreendia como sentimentos tão antagônicos podiam assaltar-lhe ao mesmo tempo. 

No mesmo momento em que se sentia o mais afortunado dos homens, porquanto estava nos braços da bela Rafaela, sentia-se também o mais cruel deles. Um legítimo canalha.

Ser feliz à custa da felicidade alheia não era seu ideal de vida, mas um vício do qual jamais haveria de conhecer a cura. Este era seu carma, seu destino.

Contudo, enquanto seus ideais maleáveis ajustavam-se aos seus atos (a maior defesa que o ser humano pode ter), aproveitava-se dos beijos calorosos e excepcionais que Rafaela lhe dava.

Percebendo os beijos cada vez mais distantes de seu companheiro, Rafaela murchou. Seus instintos femininos sabiam que havia algo errado. Em outras palavras: mulheres demais para um homem só.

Então, com os braços estendidos, afastou-se de Marcos.

- O que foi? - perguntou ele.

- Você sabe muito bem...

- O que eu sei? - voltou a perguntar.

- Enquanto você estiver com o pensamento em nós duas, não estarei mais disponível. Quero um homem de uma mulher só - disse ela, certa de que estava fazendo a coisa certa.

Minutos mais tarde, ao perceber que não conseguiria demover Rafaela de seu mais forte instinto de proteção, desistiu. 

Em seguida, Marcos despediu-se e voltou caminhando para casa. Nem mesmo o fato de o céu estar desabando sobre sua cabeça foi o bastante para convencer-lhe a chamar um táxi.

Parou embaixo de uma marquise corroída pelo tempo e retirou o celular do bolso. Duas mulheres, apenas uma ligação.

 - Oi, meu amor - disse Fernanda do outro lado da linha. - Que bom que você me ligou... O que vamos fazer hoje à noite?

- Estava pensando em tomar um vinho. Comprei uma garrafa ótima... O que você acha?

- Perfeito - respondeu sua namorada. - Mas não demore, estou morrendo de saudade.

Marcos despediu-se e voltou a caminhar. Era velho o bastante para saber que uma boa chuva ajuda a curar novos-velhos problemas. 

Mais uma vez naquela noite voltou a sentir-se um crápula. No entanto, parecia estar se acostumando com essa situação. Sentia-se deveras confortável naquele papel que a vida lhe encarregara. 

Parecia precisar daquelas dúvidas para sentir-se vivo.

Não bastasse isso, algo bem lá dentro do seu peito lhe dizia que este era só o começo de uma série de complicações. De uma série de garrafas de vinho e chuvas que ainda viria a tomar...

terça-feira, 10 de maio de 2011

Cuidado com o próximo


Foto: gabrielsig.blogspot.com

Não raro, tenho a impressão que algumas pessoas carregam consigo o gene da falta de caráter.

Acredito que não ter princípios (ou caráter propriamente dito) não é algo que se aprende, mas algo que trazemos da infância.

Culpa dos pais? Provavelmente sim. Afinal, salvo eventuais predisposições genéticas (culpa indireta), somos fruto da educação que recebemos (culpa direta).

Acontece que algumas pessoas acabam ultrapassando os limites do aceitável quando o assunto é violar a ética. 

Uma coisa é agir conforme seu histórico. Outra, bem diferente, é ferrar alguém por mera convicção.

A verdade é que precisamos estar sempre ligados. Invariavelmente preocupados com o ato do próximo, ainda que este seja um suposto amigo.

Digo isso porque estamos rodeados de maus exemplos. De sacanas, para ser mais exato.

Aliás, quem nunca foi prejudicado, enganado, sacaneado ou traído por um amigo(a)? Tenho certeza que são poucos os que nunca passaram por tal situação.

Sorte a nossa que essas pessoas parecem ser a minoria. Parecem, eu disse.

Por via das dúvidas, acho melhor ficarmos com os olhos bem abertos. Bem abertos mesmo. 

sábado, 7 de maio de 2011

As cores nossas de cada dia

Foto: seligaartista.blogspot.com

Qual o problemas das cores atuais, afinal?

Lembro que antigamente existiam apenas as cores primárias, secundárias e terciárias. Hoje, no entanto, existe uma gama infinita de cores novas. Cores, eu diria, absurdas.

Anos atrás fui questionado por uma dessas vendedoras de móveis se eu preferia a cor branca ou maple. 

Maple? Desde quando maple é uma cor?, questionei-me em pensamento à época. 

Para mim, parece nome de sobremesa... Ou a casta da uva. 

Até consigo imaginar o maitre perguntando: - O senhor prefere cabernet ou maple? 

E o que falar das cores de carros, então? Desafio-o a entrar num site e ver as cores disponíveis. Tenho certeza que você não encontrará um "branco branco". Certeza.

Brincadeiras à parte (como gosto desta expressão), não me lembro da professora da primeira série dizer que uma cor primária misturada a uma secundária resultaria em maple... Não lembro mesmo.

Mas o problema não se trata apenas de novos nomes. Alguns deles sofreram ou ainda sofrerão alterações vertiginosas. Drásticas é a palavra.

Não se espante se um dia você for até uma loja e lhe perguntarem se você gostou da blusa "azul-petróleo-do-pré-sal" ou daquela "cinza-chuvosa" ou, ainda, da "amarelo-moto".

O azul-marinho "clássico" não era bom o bastante para denominar a cor azul-escura?

Entendo que o mundo esteja sempre em transformação, sobretudo nesta época em que o capitalismo impõe as regras do jogo. Porém, será que já não estamos à mercê de informações o suficiente para termos que nos preocupar com cores exóticas?

Admito que talvez eu esteja tratando o assunto com certo exagero. Porém, é bom ficarmos com os olhos abertos.

Afinal, talvez um dia seu emprego dependa de uma faculdade de "cromologia". Nunca se sabe...

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Te conheço?

Estava pensando sobre o quê escrever e lembrei de uma situação que ocorre comigo vez ou outra.

Você conhece determinada pessoa. Esta, no entanto, nunca lhe cumprimenta. Nunca.

Provavelmente, ela mora na mesma rua que você ou trabalha no mesmo andar... Enfim, trata-se de um conhecido(a) visual. Nada mais, nada menos.

Até aqui, tudo tranquilo. Afinal, tanto faz se essa pessoa lhe cumprimenta. Acenando ou não para você, ela não fará a menor diferença em sua vida.

Ocorre que muitas dessas pessoas têm uma mania muito peculiar. Sei lá o que as leva a agir desta maneira, mas elas adoram cumprimentá-lo quando estão em um local diferente.

Geralmente acontece quando, num desses encontros da vida, você está sentado junto a um bar em Cancun, ou no Acre, ou ainda em uma cafeteria no Chuí. Não importa o quão distante você se encontre da cidade em que você reside, você sempre vai encontrar alguém conhecido.

E é justamente nesse momento que o tal indivíduo dá as caras. Contrariando seu histórico de antipatia, ele vem e o abraça efusivamente. Alguns, mais ousados, costumam tratá-lo como seu melhor amigo.

Ou seja, de repente, aquele mesmo indivíduo que já o deixou no vácuo duas ou três vezes passa a ser o cidadão mais simpático do mundo. 

Você, claro, tem a vontade de mandar-lhe àquele lugar. Só não o faz por uma simples questão de educação.

Basta ele sair para que você comente com a pessoa ao seu lado:

- Por que será que esse #$%@* veio me cumprimentar? Sempre passa do meu lado e finge que não me conhece... Vai entender...

Tenho certeza que todos já vivenciaram isso um dia. Comigo, já aconteceu várias vezes.

Será que a psicologia tem algum nome específico para tal fenômeno? Algo como "Síndrome da empatia em longa distância territorial - SELDT". Vou perguntar para minha esposa a respeito...

É bobagem, eu sei, mas sempre que essa situação ocorre, penso em escrever a respeito.

Então, caro leitor, se por acaso nos encontrarmos na Basílica de São Pedro ou em algum lugar remoto da Austrália - e você nunca me cumprimentou antes por mera convicção -, não resolva fazer o papel do bom vizinho.

No entanto, se um dia eu fizer isto com você, faço questão de que você me alerte. Afinal, detesto quando fazem isso comigo.

Abraço a todos. Em especial, aos que cumprimentam em qualquer lugar, não só nos confins do planeta.

terça-feira, 3 de maio de 2011

A primeira vez que fui assaltado


Foto: groairas.com

Nunca esquecerei da primeira vez que fui assaltado.

Ainda morava em Porto Alegre/RS quando aconteceu e tinha uns oito ou dez anos à época.

Lembro-me como se fosse hoje. 

Estava andando de skate na calçada em frente à casa da minha avó. De forma incessante, ia de um lado para o outro. Coisa de criança.

Não sei ao certo, mas aquela tarde em específico parecia estar mais silenciosa que o habitual. Se depois da tempestade vem a calmaria, a recíproca tende a ser verdadeira.

Assim que dobrei a esquina (ainda em cima do skate), fui abordado por dois jovens que vinham em minha direção. Sem dizer uma única palavra, empurraram-me e saíram correndo com meu lindo skate sob os braços.

Uma verdadeira tragédia.

Chorando (homem também chora), voltei para a casa e coloquei minha avó a par do ocorrido. Esperando, é claro, aquele afago natural às avós.

Ela, no entanto, teve uma reação bem diferente do que esperava. Acreditem ou não, minha avó pegou um pedaço de pau e saiu comigo e com minha irmã (dois anos mais nova) atrás dos meliantes.

Foi engraçado, mas foi exatamente o que aconteceu.

- Vamos quebrar a cara desses maloqueiros! - dizia ela, enfurecida.

Minha avó, no auge da sua audácia, perguntava a todos os transeuntes se eles tinham visto dois jovens com um skate assim e assado sob os braços.

Dava para ver em seus olhos a raiva que a consumia. Ela os mataria se pudesse.

Pensando bem, aqueles caras tiveram sorte de não terem cruzado o caminho dela. Sem dúvida, eles tomariam uma lição daquelas! 

Por óbvio, meus pais ficaram enlouquecidos quando souberam da atitude pouco convencional tomada por minha avó. Afinal, seu comportamento foi um tanto arriscado.

Contudo, sempre que lembro do episódio, acho a maior graça.

Ademais, sinto que foi importante sentir-me protegido. Crianças precisam da figura do super-herói, ainda que este frite bolinhos-de-chuva nas horas vagas...

Se todas avós fossem assim, não tenho dúvida de que viveríamos em um mundo muito melhor. 

No mínimo, mais engraçado. Num mundo repleto de histórias para contar...

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Como perder 8 Kg em 9 semanas

Foto: eliminandopeso.com.br

Vou contar neste texto como perdi 8kg em apenas 9 semanas.

Bom... Se você está esperando que eu conte algum milagre, pode parar de ler este texto agora mesmo. Adianto que a queima de peso em excesso aconteceu mediante muito sacrifício, a saber:

Ano passado, quando meu primeiro romance estava prestes a ser publicado (Segunda Dose, da Editora Baraúna), acabei engordando por conta da ansiedade. Ganhei nada mais nada menos do que 10kg.

A foto constante na quarta capa do meu livro (foto da orelha) é a prova maior de que estava acima do peso.

Quando alcancei a incrível marca dos 80Kg, achei que estava na hora de dar um basta naquela situação. Sabia que era difícil perder 10kg, mas não impossível.

Então, comecei a batalha contra o peso. Não sou nenhum expert no assunto, mas gostaria de compartilhar como fiz para alcançar o resultado mencionado.

Vamos lá.

Esqueça essa história de se alimentar a cada três horas. Esqueça! Isso só faz com que você acabe criando formas de burlar a dieta. Quanto mais você come, maiores são as chances de cometer uma falta.

Durante todo este período que estive em regime, fiz apenas três refeições diárias, e mais um lanche noturno. Nada mais.

No café da manhã, tomava um iogurte e uma xícara de café preto com adoçante. Isto era o suficiente para me satisfazer no período matutino.

No almoço, apenas comida sem carboidrato. Algo como bife, peixe, frango, omelete ou qualquer outra coisa sem carboidrato, acompanhado de salada.

É importante ressaltar que nesta dieta fiz uma restrição severa aos carboidratos. Mas não parei de ingeri-los totalmente, porquanto a abolição total de carboidratos lhe retira a força necessária para a prática de exercícios (condição sine qua non para a perda de peso).

Durante o período vespertino, apenas uma ou duas xícaras de café preto, por volta das 16 horas.

À noite, então, minha dose diária de carboidrato. Duas fatias de pão integral com um pouco de margarina e uma fatia de queijo mussarela (sem carboidrato).

Como durmo tarde, sempre como uma fruta ou um pedaço de queijo por volta das 23h. Lembre-se que tem que ser algo leve.

Importante: Quase todos os alimentos possuem carboidrato. Até mesmo algumas frutas possuem alto índice de carboidratos, o que prejudica qualquer dieta. Então, aconselho sempre olhar os rótulos para saber a quantidade contida nas frutas e verduras, etc.

Por mais que a dieta seja sofrida, não existe rápida perda de peso sem a prática de exercícios físicos. Nestas semanas de exceção, pratiquei muito exercício. Muito mesmo.

Segundas, quartas e sextas, 45 minutos de corrida na esteira mais abdominais. Exercícios feitos na academia.

Terças, quintas, sábados e domingos, 1h de bicicleta ergométrica. Exercícios feitos em casa.

A perda de peso foi rápida, é verdade, mas envolveu bastante sacrifício. Este, aliás, é um bom termômetro para saber se você está ou não evoluindo em sua dieta. Sem sacrifício não há recompensa. Não mesmo.

Alguém poderá me dizer que assim é fácil perder peso. Afinal, qualquer um é capaz de emagrecer fazendo exercícios físicos e comendo apenas para não morrer.

Ocorre que para obter sucesso em uma dieta, precisamos estar focados no objetivo. Precisamos deixar que nosso cérebro domine o corpo, e não o contrário.

Parece difícil fazer exercício comendo tão pouco, porém não é impossível. Basta determinação.

Ainda faltam dois quilos para que eu volte ao meu peso. No entanto, já não tenho mais a mesma pressa de algumas semanas atrás.

Estou muito feliz com o resultado que obtive, sobretudo pelo tempo que levei para me livrar do excesso de bagagem.

Uma dica importante: comemore cada quilo perdido! Faça da perda de peso um incentivo para continuar nessa batalha árdua que é fazer uma dieta.

Só quem já teve que fazer uma sabe o quão é difícil perder tanto peso... 

E você, já passou por algo parecido? 

Conte-me sua experiência! Ficarei feliz em ouvi-la...