Foto: kimovimento.blogspot.com
- Você tem certeza que quer fazer isto?
- Tenho, sim. Nunca tive tanta certeza em minha vida – respondeu Marcos.
Tão-logo ouviu a resposta almejada, Rafaela atirou-se nos braços dele. Suspiros era só que se ouvia naquela inquieta sala de estar.
Rafaela não parecia nem um pouco incomodada com o fato de que Marcos tinha uma namorada chamada Fernanda. Esta, por sua vez, sequer imaginava que seu amor (Marcos) encontrava-se nos braços de outra.
Coisas da vida.
Marcos - o traidor -, por outro lado, estava explodindo por dentro. Não compreendia como sentimentos tão antagônicos podiam assaltar-lhe ao mesmo tempo.
No mesmo momento em que se sentia o mais afortunado dos homens, porquanto estava nos braços da bela Rafaela, sentia-se também o mais cruel deles. Um legítimo canalha.
Ser feliz à custa da felicidade alheia não era seu ideal de vida, mas um vício do qual jamais haveria de conhecer a cura. Este era seu carma, seu destino.
Contudo, enquanto seus ideais maleáveis ajustavam-se aos seus atos (a maior defesa que o ser humano pode ter), aproveitava-se dos beijos calorosos e excepcionais que Rafaela lhe dava.
Percebendo os beijos cada vez mais distantes de seu companheiro, Rafaela murchou. Seus instintos femininos sabiam que havia algo errado. Em outras palavras: mulheres demais para um homem só.
Então, com os braços estendidos, afastou-se de Marcos.
- O que foi? - perguntou ele.
- Você sabe muito bem...
- O que eu sei? - voltou a perguntar.
- Enquanto você estiver com o pensamento em nós duas, não estarei mais disponível. Quero um homem de uma mulher só - disse ela, certa de que estava fazendo a coisa certa.
Minutos mais tarde, ao perceber que não conseguiria demover Rafaela de seu mais forte instinto de proteção, desistiu.
Em seguida, Marcos despediu-se e voltou caminhando para casa. Nem mesmo o fato de o céu estar desabando sobre sua cabeça foi o bastante para convencer-lhe a chamar um táxi.
Parou embaixo de uma marquise corroída pelo tempo e retirou o celular do bolso. Duas mulheres, apenas uma ligação.
- Oi, meu amor - disse Fernanda do outro lado da linha. - Que bom que você me ligou... O que vamos fazer hoje à noite?
- Estava pensando em tomar um vinho. Comprei uma garrafa ótima... O que você acha?
- Perfeito - respondeu sua namorada. - Mas não demore, estou morrendo de saudade.
Marcos despediu-se e voltou a caminhar. Era velho o bastante para saber que uma boa chuva ajuda a curar novos-velhos problemas.
Mais uma vez naquela noite voltou a sentir-se um crápula. No entanto, parecia estar se acostumando com essa situação. Sentia-se deveras confortável naquele papel que a vida lhe encarregara.
Parecia precisar daquelas dúvidas para sentir-se vivo.
Não bastasse isso, algo bem lá dentro do seu peito lhe dizia que este era só o começo de uma série de complicações. De uma série de garrafas de vinho e chuvas que ainda viria a tomar...
3 comentários:
MARCOS SAFADO!
KKKKKKKK
Pior q existem taantos Marcos por aí...
@Dani_marreiros
Vai ter continuação?! =)
Pq tá ótimo!
Pois é... um pé em cada continente, e a Pangéia se desfazendo... o Marcos quer ficar nas duas terras que v~e como uma só, complementando-se-lhe.... mas terá que escolher uma terra firme, ou naufragar...
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