sexta-feira, 13 de maio de 2011

Chuva de incertezas...


Foto: kimovimento.blogspot.com

- Você tem certeza que quer fazer isto?

- Tenho, sim. Nunca tive tanta certeza em minha vida – respondeu Marcos.

Tão-logo ouviu a resposta almejada, Rafaela atirou-se nos braços dele. Suspiros era só que se ouvia naquela inquieta sala de estar.

Rafaela não parecia nem um pouco incomodada com o fato de que Marcos tinha uma namorada chamada Fernanda. Esta, por sua vez, sequer imaginava que seu amor (Marcos) encontrava-se nos braços de outra.

Coisas da vida.

Marcos - o traidor -, por outro lado, estava explodindo por dentro. Não compreendia como sentimentos tão antagônicos podiam assaltar-lhe ao mesmo tempo. 

No mesmo momento em que se sentia o mais afortunado dos homens, porquanto estava nos braços da bela Rafaela, sentia-se também o mais cruel deles. Um legítimo canalha.

Ser feliz à custa da felicidade alheia não era seu ideal de vida, mas um vício do qual jamais haveria de conhecer a cura. Este era seu carma, seu destino.

Contudo, enquanto seus ideais maleáveis ajustavam-se aos seus atos (a maior defesa que o ser humano pode ter), aproveitava-se dos beijos calorosos e excepcionais que Rafaela lhe dava.

Percebendo os beijos cada vez mais distantes de seu companheiro, Rafaela murchou. Seus instintos femininos sabiam que havia algo errado. Em outras palavras: mulheres demais para um homem só.

Então, com os braços estendidos, afastou-se de Marcos.

- O que foi? - perguntou ele.

- Você sabe muito bem...

- O que eu sei? - voltou a perguntar.

- Enquanto você estiver com o pensamento em nós duas, não estarei mais disponível. Quero um homem de uma mulher só - disse ela, certa de que estava fazendo a coisa certa.

Minutos mais tarde, ao perceber que não conseguiria demover Rafaela de seu mais forte instinto de proteção, desistiu. 

Em seguida, Marcos despediu-se e voltou caminhando para casa. Nem mesmo o fato de o céu estar desabando sobre sua cabeça foi o bastante para convencer-lhe a chamar um táxi.

Parou embaixo de uma marquise corroída pelo tempo e retirou o celular do bolso. Duas mulheres, apenas uma ligação.

 - Oi, meu amor - disse Fernanda do outro lado da linha. - Que bom que você me ligou... O que vamos fazer hoje à noite?

- Estava pensando em tomar um vinho. Comprei uma garrafa ótima... O que você acha?

- Perfeito - respondeu sua namorada. - Mas não demore, estou morrendo de saudade.

Marcos despediu-se e voltou a caminhar. Era velho o bastante para saber que uma boa chuva ajuda a curar novos-velhos problemas. 

Mais uma vez naquela noite voltou a sentir-se um crápula. No entanto, parecia estar se acostumando com essa situação. Sentia-se deveras confortável naquele papel que a vida lhe encarregara. 

Parecia precisar daquelas dúvidas para sentir-se vivo.

Não bastasse isso, algo bem lá dentro do seu peito lhe dizia que este era só o começo de uma série de complicações. De uma série de garrafas de vinho e chuvas que ainda viria a tomar...

3 comentários:

Por Trás das Letras disse...

MARCOS SAFADO!






KKKKKKKK
Pior q existem taantos Marcos por aí...
@Dani_marreiros

Rodolfo Pomini disse...

Vai ter continuação?! =)
Pq tá ótimo!

Marco disse...

Pois é... um pé em cada continente, e a Pangéia se desfazendo... o Marcos quer ficar nas duas terras que v~e como uma só, complementando-se-lhe.... mas terá que escolher uma terra firme, ou naufragar...