Foto: servidorpublico.net
Olívia chegou em casa angustiada.
Fazia algum tempo que vinha alimentando a fantasia de matar alguém. E, naquela sexta-feira à noite, em especial, sentiu seu desejo falar mais forte.
Sua fixação pelo homicídio havia começado há oito ou nove meses.
Perfeccionista que era, já havia comprado todo o aparato necessário para praticá-lo, o que incluía um rifle com alcance de longa distância e um livro/manual de tiros.
Adquirira a arma no Paraguai logo no início de sua fixação.
Nos finais de semana, a fim de pôr em prática os ensinamentos adquiridos junto ao manual, disparava uma quantidade absurda de tiros num terreno anexo à sua casa de campo.
Diante de sua agonia, não conseguiu dormir direito naquele início de fim de semana. Algo lhe dizia que iria pôr em prática seu plano maquiavélico já no sábado pela manhã.
No outro dia bem cedo, deixou sua vontade vencer seus medos. Havia, enfim, chegado a hora.
Seu plano consistia, basicamente, em matar uma pessoa qualquer sem ser pega.
Ficou na sacada de seu apartamento esperando pela vítima ideal, se é que pode existir uma. Após quase duas horas, avistou enfim a pessoa perfeita.
Era um jovem de, aproximadamente 22 anos que, todos os sábados, estacionava seu carro no posto em frente ao seu prédio e colocava algumas músicas horríveis no volume máximo.
Sabia que muitos dos seus vizinhos gostariam de vê-lo morto, o suficiente para que risse alto de seu pensamento.
Então, sem perder tempo, colocou o rifle sobre o tripé e mirou exatamente na cabeça do homem de gosto musical duvidoso, o qual segurava um cigarro em sua mão esquerda.
Após ficar alguns segundos deliciando-se com a ideia de matá-lo, enfim disparou.
O tiro, como era de se esperar, foi certeiro. Tão certeiro que atravessou o crânio do jovem e acertou a bomba de combustível que estava logo atrás, provocando uma explosão sem precedentes na história da pacata cidade.
Em alguns minutos, o posto que ficava em frente ao prédio estava rodeado de policiais, bombeiros, enfermeiros, cadáveres e curiosos.
Como a vítima fora imediatamente carbonizada, assim como outras doze ou treze pessoas que por ali estavam, a polícia nunca descobriu o tiro dado por Olívia.
Injusta e ironicamente, o fumante levou a culpa pelo desastre.
Depois daquele dia, Olívia nunca mais conseguiu dormir direito novamente.
Não porque sentia remorso, mas porque, toda vez que deitava na cama, sentia uma vontade tresloucada de planejar o assassinato de outras pessoas.
Sabia que, mais cedo ou mais tarde, ainda iria cometer outros assassinatos. Afinal, o fato de a polícia atribuir o crime àquele fumante acabou tirando toda a graça da história.
Até porque Olívia não gosta de fumantes.
Não gosta nem um pouco...
Um comentário:
Parabéns mano, um dos melhores textos do blog. Gostei mesmo.
Abraço
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