Foto: apostarestante.blogspot.com
Acordei com um sobressalto clássico. Mais uma vez na mesma semana estava sendo invadido por aquela sensação de estar caindo num poço sem fundo.
Com a ponta do lençol, enxuguei o rosto encharcado de suor. Em seguida, como se uma nova rotina estivesse nascendo bem diante dos meus olhos, olhei para a esquerda à procura das horas.
O inimigo - apelido carinhoso dado ao despertador - apontava sem qualquer piedade 4:57 AM; tarde demais para dormir, cedo demais para acordar, o suficiente para que o desespero ganhasse força novamente.
Como se fosse a plateia do meu próprio monólogo, fingia não saber o porquê de tanta angústia, de tamanha falta de sono.
Então, um tanto receoso com o reflexo noturno, olhei no espelho. E foi quando me dei conta de que a sensação positivada através do meu rosto era insustentável.
Por deus, precisava enfim admitir que estava apaixonado. Mas como alguém como eu, um ser indiferente aos sentimentos, poderia estar perdidamente apaixonado por uma única mulher dentre tantas?
Após refletir um pouco, peguei o telefone convicto de que precisava ligar para ela e declarar toda minha paixão, minha angústia, e todo o sentimento que corria em minhas veias.
Despejar aquela gama de sensações contraditórias e sofridas que somente um apaixonado pode sentir. Mais do que isso, queria gritar aos quatro ventos o quão estava sendo invadido pelo "fogo que arde sem se ver".
Antes de discar, contudo, voltei a olhar para o inimigo (o despertador). Apenas seis minutos haviam se passado desde a última olhadela.
Balancei os joelhos freneticamente, como se isso fosse capaz de acelerar o tempo. Minha tentativa foi em vão.
Mesmo estando no epicentro do furacão, sabia que era cedo (ou tarde) demais para ligar para ela. Para desespero do meu id, teria que esperar pelo completo alvorecer.
Enquanto esperava, peguei no sono.
Quando acordei, senti que os sentimentos de outrora haviam arrefecido. Já não estavam mais imbuídos da carga emocional de horas atrás.
Então, resolvi não ligar. Ser prudente, como sempre.
Sabia, porém - sempre existe um porém -, que outras madrugadas inquietantes estavam por vir, assim como outros sobressaltos, outras viradas de pescoço em busca das horas.
A verdade é que havia me apegado ao inimigo e à sua inconstância, tal qual o sentimento que teimava em me assombrar nas madrugadas.
Só me restava esperar pelo anoitecer. Pela próxima madrugada...
2 comentários:
saindo um segundo livro então, uma terceira dose...hehe... o meu também está saindo, mais dois meses pelo menos eu termino... vamos marcar aquele churras dia 04? abraços...
http://mundointerrogado.blogspot.com
Passando para deixar um super abraço p/ vc e sua esposa, bjs da tia Nicinha
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