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Jonas era FISSURADO em sua chefe. Arrastava não só um caminhão por ela, mas um frota inteira.
Já havia pensado diversas vezes em se declarar, mas sempre desistia antes mesmo de tentar.
No mínimo, acaso não fosse correspondido, perderia o seu emprego.
A forma que tinha de agradar a chefe - recheada de terceiras intenções, claro - era trabalhar mais que os outros funcionários.
Doava-se ao emprego como ninguém. Tudo por amor, por um amor platônico e silente.
Numa quarta-feira pela manhã, contudo, viu sua sorte mudar.
Ana, sua chefe, adentrou em sua sala com um olhar diferente, insinuante. Sem rodeios, parou ao seu lado e disse-lhe com a voz o mais aveludada possível:
- Passa lá em casa hoje à noite, às 20h... Hoje é o teu dia de sorte.
Em seguida, virou-se nos seus saltos altos e foi embora com um andar nada vacilante.
Jonas sentiu seu corpo estremecer. Não conseguia acreditar naquilo que acabara de ouvir.
Finalmente, todo seu esforço haveria de ser recompensado. Afinal, estava há apenas algumas horas de possuir a mais incrível das mulheres - a bela e irretocável Ana.
Ana, no auge dos seus 30 anos, tinha pernas compridas e pra lá de delineadas. Estas, somadas aos seus cabelos louros e cacheados, conferiam-lhe um visual arrasador.
Tanto que Jonas não era o único a desejá-la com ardor. Pelo contrário, na empresa onde trabalhava, a exceção era não desejá-la, tal seu poder de sedução.
Talvez por isso Jonas não aguentava mais esperar pela noite que se aproximava. Ele precisava daquela mulher, e como precisava. Até porque havia trabalhado muito para isso, literalmente.
À medida que as horas passavam, no entanto, Jonas foi ficando cada vez mais nervoso. A beleza e o charme em excesso de sua chefe intimidavam quem fosse.
Engoliu em seco pela primeira vez quando viu sua chefe ir embora duas horas antes do habitual. Tão-logo ela saiu pela porta do escritório, recebeu uma mensagem em seu celular, cujo texto dizia:
"Não se esqueça do nosso jantar... Prometo-lhe uma noite mágica. Beijos, Ana".
Jonas sorriu. E depois estremeceu. E voltou a sorrir. E tornou a estremecer.
Passado o susto, foi correndo para casa aprumar-se para a janta de logo mais. Precisava corresponder às expectativas.
Com o intuito de impressioná-la, vestiu sua melhor calça, sua melhor camisa, seu melhor perfume, a melhor versão do seu eu.
Bateu à porta da casa de Ana na hora marcada. Sabia que havia chegado, enfim, o seu grande momento.
Sua chefe - como se fosse possível - estava ainda mais estonteante que o normal.
Meus deus... - pensou Jonas assim que a viu.
- Entre - disse ela com uma voz de felina.
Jonas entrou a passos firmes. Em segundos, o nervosismo deu lugar à confiança. Afinal, aquela era a sua noite, e de mais ninguém.
Beberam vinho e conversaram, não necessariamente nesta mesma ordem.
Até que Ana levantou-se e disse-lhe:
- Chamei você aqui para lhe dar uma coisa... Aquilo que você está perseguindo incansavelmente há alguns meses - completou.
Jonas engoliu em seco pela segunda vez naquele dia. Quando fez menção em dizer algo, foi interrompido por sua chefe, que ordenou:
- Não fale nada, apenas observe...
Naquela fração de segundo, Jonas imaginou Ana levando suas mãos às costas e tirando o vestido...
Sua chefe, contudo, com um leve sorriso no rosto, limitou-se a jogar uma pasta sobre a mesa de centro.
Nada de vestindo caindo, nada de ter Ana em seus bracos, enfim, nada do que Jonas havia imaginado.
- O que é isso? - perguntou enquanto apontava para a pasta.
- A promoção que você tanto queria... - respondeu Ana. - Finalmente, todo seu trabalho está sendo recompensado - completou ela, feliz.
Jonas respirou fundo.
- Então era isso? - perguntou ele. - Uma promoção?
- Claro! - respondeu Ana, empolgada. - O que mais poderia ser?
Sem dizer uma única palavra, Jonas pegou suas chaves e foi embora em silêncio.
Já na rua, Jonas não parava de repetir para si mesmo em voz alta:
- Uma promoção?! Que absurdo! Que absurdo...