Lembro como se fosse hoje do dia 1º de maio de 1994: dia em que o maior ídolo que este país já viu faleceu em um acidente trágico.
Eu e meu querido primo, que também já é falecido, jogávamos vídeo-game na casa dele enquanto a corrida não começava.
Um jogo de corrida, por óbvio.
Lembro que, tão logo o acidente ocorreu, todos ficamos perplexos, e uma certa angústia tomou conta do ambiente.
Olhava para meu primo, que, por sua vez, olhava para mim. Sequer sabíamos o que falar.
Dava para sentir o ar pesado mesmo antes da notícia que desolaria um país inteiro e boa parte do mundo.
E foi com a confirmação da morte que o país parou (literalmente).
Não estou exagerando: o país parou!
Lembro de conter o choro por vergonha, o que hoje me parece uma grande bobagem.
Horas mais tarde, quando meus pais foram me buscar, pude testemunhar no rosto dos transeuntes a mesma consternação e tristeza que me habitavam.
Todos estávamos tristes. T - O - D - O - S !
Era quase denso aquele sentimento comum aos brasileiros.
Não me lembro de testemunhar tamanha comoção. Pelo menos, nada que chegasse perto disso.
Assim que cheguei em casa, fui chorar escondido no banheiro. Coisa de criança.
Recordo direitinho da sensação de impotência que me tomou de assalto naquele momento. Foi a primeira vez que lidei com a finitude de um ídolo.
O curioso é que, mesmo sendo uma pessoa estranha, ele parecia fazer parte da família.
[Tenho certeza que essa sensação não é uma exclusividade minha]
Os mais novos, certamente, vão achar isso um exagero. Mas só tendo vivido naquela época para entender o que, de fato, ele representou para o Brasil.
O Ayrton era uma espécie de bálsamo para uma população deveras sofrida. Um lenitivo.
Um verdadeiro ídolo.
Espero que esteja acelerando em algum lugar por aí como somente ele sabia fazer. E como sabia.
Oremos (literalmente, desta vez).
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