segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Tenho que escrever sobre isso

Bem... este não é só mais um conto, uma crônica ou mesmo uma poesia na forma do art. 14, II, do CP (piadinha operador do direito style).

Este texto é uma espécie de agradecimento aos leitores deste blog, que, na contramão da corrente, mantém-se firme ao longo de mais de uma década.

Sim, este espaço está na iminência de completar 4.380 dias de existência.

Também conhecido como "blog 12 anos" (reconheço que essa piada faz mais sentido para quem é bêbado).

Um tempo relativamente longo, sobretudo se comparado há algumas outras paixões fugazes que tive ao longo da vida.

O que acho mais interessante nisso tudo é que nem mesmo o tom por vezes pejorativo, atualmente atribuído à palavra "blogueiro", fez com que desistisse da plataforma em si, que, convenhamos, encontra-se um tanto fora de moda.

Poderia ter migrado para o instagram, por exemplo, conforme já me foi sugerido algumas vezes por pessoas notadamente mais inteligentes que eu, alcançando, assim, um número muito maior de pessoas.

Mas a questão é que gosto do peculiar espaço que ocupo. 

Por mais que pareça bobagem, sinto como se fosse a própria resistência dos blogueiros!

Membro de uma geração que, aos poucos, tal qual uma espécie à beira da extinção, vai desaparecendo dia após dia da face da terra.

Deveria existir uma "carteirinha" para pessoas como eu. Algo do tipo: Membro do blogspot.com (since 2007).

Tenho certeza que eu iria impressionar muita gente com isso (SQN).

Enfim, lembro como se fosse hoje quando escrevi o primeiro texto...

Jamais imaginaria que este humilde blog duraria tantos anos, quiçá que um de seus textos, mais tarde, daria origem a um romance.

Escrevi tantas e tantas coisas... 

O arquivo aí do lado da página não me deixa mentir. Exatas 369 postagens.

E, por mais que tenha mudado minha forma de pensar ao longo dos anos, ainda assim me orgulho de cada um desses textos.

Tudo que escrevi, ou quase tudo, foi de coração. Com o modo sincero ativado.

Enfim, apenas gostaria de agradecer a todo mundo que fez ou ainda faz parte deste espaço.

Que vez ou outra, perde um tempinho para ler as coisas bobagens que escrevo.

Em especial, àqueles que sempre me dão um feedback. Vaidade à parte, estes estão guardados em meu coração com um pouco mais de destaque.

A opinião de vocês é de grande valia à minha pessoa. "Sério mesmo".

E que a recorrente sensação que habita em mim, também conhecida como "tenho que escrever sobre isso", perdure por muito mais tempo.

Para sempre, se possível.


quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Aposto que...

Hoje pela manhã, enquanto fazia compras num mercado relativamente "super", acabei ouvindo sem querer parte da conversa de duas funcionárias do estabelecimento.

Um início de frase, em especial, chamou-me a atenção, a clássica e arrogante afirmação: "aposto que ela disse...".

A funcionária cujo nome não faço a menor ideia mencionou isso, obviamente, com aquele tom natural de deboche, comumente acompanhado de uma boca torta e uma careta estranha o suficiente para mostrar seu descontentamento aos estranhos que como eu por ali passavam. 

E o som que sucedeu a malfadada afirmação, não menos previsível, foi algo parecido com um "nhenhenhenhem".

O suficiente para que minha deficitária lista mental de compras fosse interrompida por um imediatismo mais voraz que uma dose de tequila.

Então, em meio aos poucos tipos de queijos à venda no local (avisei que o super não era tão "super" assim), pus-me a refletir um pouco sobre o assunto.

Em resumo, fui tomado pelo bom e velho "tenho que escrever sobre isso".

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ALERTA! Hoje, estou um pouco mais abstrato do que o de costume. Não digam que não avisei.
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Ora, convenhamos que achar que sabemos o que uma pessoa disse ou não na nossa ausência, ainda que a conheçamos intimamente, como o verbo impõe, não passa de um exercício de "achismo". 

O próprio "aposto" incrustado na frase, sem qualquer cerimônia, sugere isso.

Contudo, temos que admitir que esse exercício é bem comum. Acredito que boa parte de nós, ainda que inconscientemente, assim proceda.

Não?

Maldita mania de emitir julgamentos aleatórios sobre tudo e todos.

"Aposto" (é mais ou menos disso que estou falando) que a psicologia deve ter alguma explicação satisfatória sobre o assunto. Algo no sentido de que projetamos nossos sentimentos e inquietações no próximo ou coisa parecida.


Ocorre que, embora essa consciência toda seja um bom início, ela, sozinha, não nos ajuda muito.

No máximo, sentiremos uma culpa passageira após emitirmos o "aposto" da vez.

Nada que não se dissolva bem rápido entre um "aposto" e outro.

O negócio, então, pelo menos ao que me parece, é tentar melhorar como ser humano. 

Em outras palavras, tentar deixar os "apostos da vida" de lado.

Difícil? 

Difícil.

Porém, ao que tudo indica, a melhor saída.

Pelo menos, é nisso que aposto.

terça-feira, 1 de outubro de 2019

Revendo opiniões

Foto http://blogdeumasalvavidas.blogspot.com
Diferentemente do que ocorria num passado nem tão distante assim, acho bem legal quando me dou conta de que mudei de opinião sobre determinada coisa.

Especialmente quando se trata de uma "verdade" que carregava comigo há bastante tempo.

Daquelas bem arraigadas, sabe?

Costumo ser acometido por uma pseudo sensação de evolução pessoal quando isso ocorre.

Mais ou menos como se estivesse me tornando alguém melhor, ainda que, na prática, isso acabe fazendo sentido apenas para mim.

É que gosto muito desse conceito de que as opiniões são efêmeras por natureza, por mais redundante que essa afirmação soe.

"Sujeito sujeito" a mudanças.

Certamentenão há qualquer garantia de que uma eventual nova forma de pensar seja melhor do que a anterior.

Há sempre o risco de uma involução, como os eleitores responsáveis pela nossa "nova política" não se cansam de provar.

[favor não dar tanta importância assim a esse comentário de cunho político e continuar a leitura como uma pessoa sensata]

Porém, acredito que seja pouco provável um retrocesso quando o assunto é rever um ponto de vista.

Até porque, a própria maleabilidade inerente ao ato de permitir-se ver as coisas sob outra perspectiva já revela uma certa inteligência emocional.

Tão é verdade que as pessoas mais inteligentes que conheço - ou, pelo menos, as que assim julgo - não veem problema algum em rever opiniões até então defendidas a unhas e dentes.

Ainda que isto não seja algo tão corriqueiro, é simplesmente incrível quando nos damos conta de que nem mesmo as verdades absolutas são tão absolutas assim. 

Nada, absolutamente nada, é mais enfadonho do que uma pessoa engessada por suas velhas opiniões.

Um escravo de suas verdades de gosto questionável.

Como diria o mestre Raul, "eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo".

Pelo menos, é o que almejo. O que, convenhamos, já é um bom ponto de partida.

Como eu sempre digo: Só acho.