Hoje pela manhã, enquanto fazia compras num mercado relativamente "super", acabei ouvindo sem querer parte da conversa de duas funcionárias do estabelecimento.
Um início de frase, em especial, chamou-me a atenção, a clássica e arrogante afirmação: "aposto que ela disse...".
A funcionária cujo nome não faço a menor ideia mencionou isso, obviamente, com aquele tom natural de deboche, comumente acompanhado de uma boca torta e uma careta estranha o suficiente para mostrar seu descontentamento aos estranhos que como eu por ali passavam.
E o som que sucedeu a malfadada afirmação, não menos previsível, foi algo parecido com um "nhenhenhenhem".
O suficiente para que minha deficitária lista mental de compras fosse interrompida por um imediatismo mais voraz que uma dose de tequila.
Então, em meio aos poucos tipos de queijos à venda no local (avisei que o super não era tão "super" assim), pus-me a refletir um pouco sobre o assunto.
Então, em meio aos poucos tipos de queijos à venda no local (avisei que o super não era tão "super" assim), pus-me a refletir um pouco sobre o assunto.
Em resumo, fui tomado pelo bom e velho "tenho que escrever sobre isso".
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ALERTA! Hoje, estou um pouco mais abstrato do que o de costume. Não digam que não avisei.
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Ora, convenhamos que achar que sabemos o que uma pessoa disse ou não na nossa ausência, ainda que a conheçamos intimamente, como o verbo impõe, não passa de um exercício de "achismo".
O próprio "aposto" incrustado na frase, sem qualquer cerimônia, sugere isso.
Contudo, temos que admitir que esse exercício é bem comum. Acredito que boa parte de nós, ainda que inconscientemente, assim proceda.
Não?
Não?
Maldita mania de emitir julgamentos aleatórios sobre tudo e todos.
"Aposto" (é mais ou menos disso que estou falando) que a psicologia deve ter alguma explicação satisfatória sobre o assunto. Algo no sentido de que projetamos nossos sentimentos e inquietações no próximo ou coisa parecida.
Ocorre que, embora essa consciência toda seja um bom início, ela, sozinha, não nos ajuda muito.
No máximo, sentiremos uma culpa passageira após emitirmos o "aposto" da vez.
Nada que não se dissolva bem rápido entre um "aposto" e outro.
O negócio, então, pelo menos ao que me parece, é tentar melhorar como ser humano.
Em outras palavras, tentar deixar os "apostos da vida" de lado.
Difícil?
Difícil.
Porém, ao que tudo indica, a melhor saída.
Pelo menos, é nisso que aposto.
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