Alguns anos, acho.
Ou talvez seja apenas a minha memória me traindo mesmo.
De qualquer forma, ir ao mercado com o objetivo específico de comprar um refrigerante, diferentemente do que acontece com o líquido precioso amarelo (leia-se cerveja), é algo bem raro.
Não preciso listar motivos para isso, certo?
Não preciso listar motivos para isso, certo?
Ontem, contudo, contra toda e qualquer probabilidade, acabei comprando uma coca.
Por que não? Eu sou a lei.
Ocorre que me esqueci da existência do refrigerante em questão tão logo o guardei. Culpa da falta de hábito, talvez.
Ele, o refrigerante, ficou o dia inteiro esquecido em meio às garrafas de cerveja que infestam minha geladeira, para minha própria felicidade.
À tarde, saí com uns amigos para ver um jogo. Como de praxe, bebi alguns chopes gelados e comi algumas bobagens salgadas por demais.
De madrugada, então, acordado por uma sede voraz, dirigi-me à geladeira em busca de uma garrafa de água.
Obviamente, não tinha mais água gelada (emoji olhando para cima).
Pasmem, mas quando você mora sozinho, ninguém enche as garrafinhas de água se você não o fizer.
Já estava me xingando mentalmente quando meu olhar periférico que, via de regra, costuma ser péssimo, fez com que avistasse a garrafa de coca-cola que repousava em berço esplêndido na porta da minha geladeira.
A coca! - disse em voz alta com uma vibração incomum para o horário, mais precisamente, três horas da manhã.
Aliás, no melhor estilo Emily Rose, sempre acordo nesse horário.
Medo, né? (tô falando sério).
Aliás, no melhor estilo Emily Rose, sempre acordo nesse horário.
Medo, né? (tô falando sério).
Enfim... Então, movido por uma sede ancestral, virei aquela coca-cola com gosto, com uma vontade sem precedentes.
Não sei se foi o sódio, a leve ressaca, ou mesmo o aparelho móvel e seu gosto peculiar, mas, sem dúvida, foi o melhor gole de coca que já tomei nesta vida.
E foi nessa hora que tive um insight: definitivamente, a vida é feita de momentos.
Algumas vezes, de pequenos momentos mesmo.
Em outras, contudo, de momentos excepcionais.
Como um gole inesperado de coca gelada numa madrugada qualquer.
Em outras, contudo, de momentos excepcionais.
Como um gole inesperado de coca gelada numa madrugada qualquer.
Algo superável, é verdade. Mas, ainda assim, um relativo senhor momento.
Não pelo ato em si, mas pelo fato de ter me dado conta de que aquilo, naquele momento, estava me fazendo feliz.
Algo que nem sempre enxergamos.
Nem sempre.