O mundo dá voltas e eu posso provar.
Em um fim de semana qualquer de 1998, eu e minha irmã resolvemos visitar alguns amigos/parentes em Porto Alegre, nossa cidade natal.
Como havíamos trazido toda a mudança para Santa Catarina, o apartamento onde morávamos ficou guarnecido com apenas alguns poucos móveis, além de alguns objetos abandonados.
Dentre esses objetos, havia alguns discos de vinil. E, dentre estes, o famoso álbum branco dos beatles.
Antes que me xinguem, e para contextualizar, gostaria de dizer em minha defesa que vinis não eram tão valorizados na época, assim como que eu não gostava tanto de beatles.
Pois é.
Voltando ao assunto, tomei a brilhante decisão de vender o disco para um conhecido, sem anuência dos meus pais, pelo equivalente a uns R$ 50,00 nos dias de hoje, talvez menos.
Com o passar dos anos, contudo, para minha desgraça particular, não apenas passei a ouvir vinis como também virei um grande fã de Beatles.
Logicamente, então, acabei me arrependendo (e muito) de ter vendido o vinil.
Arrependimento, aliás, foi a primeira sensação que me acometeu assim que comprei o toca-discos.
Onde eu estava com a cabeça, afinal?
Ocorre que - prestem atenção agora - o conhecido para quem vendi o disco, por uma dessas coincidências da vida, é filho do atual marido da minha mãe (também conhecido como meu padrasto).
Não bastasse isso, recentemente, meu padrasto, na falta de uma palavra melhor, "confiscou" do filho o aparelho toca-discos que lhe pertencia e os vinis que o acompanhavam.
Dentre esses vinis, claro, encontrava-se o bendito álbum branco dos beatles que eu, clandestinamente, havia vendido anos antes.
E hoje, ainda que por empréstimo, o disco em questão está aqui comigo, na minha sala, repousando em berço esplêndido.
Sim, ele está aqui comigo novamente mesmo depois desses anos todos.
Isso só prova que o mundo, de fato, está em constante movimento.
E que nada é definitivo. Nada.
Como diria o filósofo Badauí, "o mundo dá voltas".
Ps. Pai, se você está lendo este texto, e eu sei que está, não fique chateado, pois o disco em questão iria se perder como todos os outros, não? (rindo, mas de nervoso).