Nem um roteirista de gosto duvidoso seria capaz de criar uma história tão clichê.
Um vírus mortal, surgido em uma província chinesa qualquer, na manifesta ânsia de mais uma seleção natural, faz uma devassa na população.
Milhares de vidas sendo ceifadas enquanto cientistas, no mais aceitável dos atos de vaidade, disputam para ver quem conseguirá estampar seu sobrenome numa possível vacina capaz de curar/imunizar a população.
Já devo ter visto esse filme na sessão da tarde umas três vezes, pelo menos.
É simplesmente surreal pensar que, neste exato momento, grande parte da população mundial esteja trancada em casa.
Todos reféns de si mesmos.
Enclausurados em suas próprias residências, seja por medo da morte, seja pelo receio (empático) de repassar o vírus às quatro pessoas que fazem parte de sua média de contágio.
Até mesmo grande parte de nossos governantes (os sensatos, pelo menos), num ato tão benevolente quanto surpreendente, ordenaram às pessoas que se isolassem.
Fiquem em casa, eles disseram.
Como se fossem fiéis cumpridores da Constituição Federal, dos famosos Pactos Internacionais ou mesmo de eventuais Leis Divinas (quem sou eu para cravar se elas realmente existem?), colocaram a vida em primeiro lugar.
Mesmo cientes de todos os problemas que acompanharão esse "sacrifício da economia" (desemprego, fome, criminalidade, etc), ao menos uma vez, uma única vez, o dinheiro foi deixado de lado.
Optou-se por privilegiar o bem mais precioso e inegociável, aquele que nem todo dinheiro do mundo é capaz de comprar: a vida.
E isso nunca deixará de ser uma vitória do ser humano.
Apesar de toda tristeza, não deixo de sentir um certo orgulho de ter feito parte desse peculiar pedacinho da história.
Por mais ingênuo que isto soe: ainda há esperança.
Só nos resta, agora, fazer nossa parte e torcer para que esses dias sombrios acabem logo.
Amém.
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