sábado, 30 de maio de 2020

Paixão pandêmica - Capítulo 2

Como já havia lançado os dados e nada tinha mais a fazer senão aguardar, Pedro tornou a beber sua cerveja.

Mesmo porque, a iminência da troca de ano lhe conferia uma espécie de licença especial para beber mais do que o habitual.

Cerca de uma hora depois, então, seu celular, que estava sem volume desde os primórdios da humanidade, vibrou.

Ansioso, já pela barra de notificações viu que Paula, enfim, havia respondido sua mensagem.

Não foi apenas um like ou mesmo uma dessas respostas protocolares de quem claramente não possui interesse algum numa eventual conversa.

Não, não e não.

Foi uma resposta bastante simpática, acompanhada de um irresistível "hahaha", o que Pedro julgou ser um ótimo sinal.

Antes de dar continuidade ao papo, porém, permitiu-se sorrir para o aparelho. 

Talvez fosse apenas sua imaginação lhe pregando mais uma peça, mas alguma coisa lhe dizia que aquilo lhe proporcionaria uma experiência diferente.

O que estava procurando, talvez.

Tentando ser espirituoso, mandou uma nova mensagem a Paula que, no entanto, não respondeu de imediato. 

[Havia um reveillon no meio do caminho].

Para a surpresa de ambos, porém, a conversa retomada no final da manhã do dia seguinte, também conhecido como o primeiro dia do ano, desenvolveu muito bem. 

Bem até de mais.

Não foi aquela coisa mascada em que ambos se esforçam para dar continuidade a um assunto; pelo contrário, foi bastante natural, desenvolta.

Nem mesmo a diferença de idade - 10 anos, aproximadamente - atrapalhou.

Era como se já se conhecessem há anos.

Pedro, definitivamente, estava empolgado com o que se alinhava no horizonte.

CONTINUA... 

quinta-feira, 28 de maio de 2020

Paixão pandêmica - Capítulo 1

Faltavam algumas poucas horas para o término do peculiar ano de 2019.

Maldito ano - pensou Pedro enquanto balançava sua cerveja, a essa altura já quente.

O ano ímpar, que havia começado muito mal, por ironia do destino, estava terminando de forma ainda pior.

Definitivamente, as coisas não estavam saindo como o planejado.

Longe disso.

Enquanto navegava em uma de suas redes sociais, contudo, deparou-se com uma publicação que lhe chamou a atenção.

Paula, uma mulher por quem nutria bastante interesse, mas que, por uma dessas circunstâncias da vida, nunca tinha trocado uma única palavra sequer, fez um post relacionado a signos.

Ao signo dela, mais precisamente. Libra, no caso.

Embora um tanto receoso, Pedro sentiu-se fortemente tentado a puxar assunto.

Tudo, absolutamente tudo, indicava que Paula era uma mulher interessante em todos os aspectos possíveis.

Afinal, além de ser dona de uma beleza avassaladora, tinha o perfil de pessoa legal, por assim dizer

Além do que, a iminência do reveillon, de certa forma, o encorajava. 

Na pior das hipóteses, apenas mais uma decepção para a coleção do ano que, agora, já se encontrava aos quarenta e seis do segundo tempo.

Então, disse a si mesmo: Por que não?  

Ato contínuo, com a coragem de quem não tem nada a perder, mandou uma mensagem, que de despretensiosa não tinha nada.

Agora, nada lhe restava senão esperar por uma eventual resposta.

Somente o tempo se encarregaria de lhe dizer se havia ou não tomado uma decisão correta.

CONTINUA...


sábado, 2 de maio de 2020

Parecia inofensiva, mas me dominou

Sempre fui um cara romântico. Sempre. E não tenho problema algum em admitir isso.

Esse lado "sonhador", sabe-se lá por que, sempre fez parte da minha personalidade.

Algo relacionado à minha criação, certamente.

Freud sempre explica.

Contudo, confesso-lhes que estava um tanto desanimado nesse aspecto da vida.

A sensação era de que havia ligado o piloto automático.

Em consequência, sentia-me meio desinteressado. Apático.

Diferentemente do que muita gente acha, encontrar a pessoa certa é mais difícil do que parece.

Não se trata de encontrar uma pessoa perfeita, que, como todos sabemos, não existe. 

Trata-se de encontrar alguém que, além de possuir qualidades admiráveis, seja capaz de virar seu mundo de cabeça para baixo.

Que faça seu olho brilhar, como já escrevi  em outras oportunidades aqui neste espaço.

Mesmo porque, se você inicia um relacionamento com alguém que não lhe proporcione isso, você certamente está se relacionando errado.

Não? 


Ocorre que, no meio dessa apatia toda, de súbito, acabei me apaixonando por uma mulher incrível.

"De olhos de águas vindas de outros oceanos".

Parafraseando Charlie, o Brown, uma mulher que parecia inofensiva, mas me dominou.

Uma história com contornos bem clássicos, convenhamos. 

Afinal, por mais paradoxal que isto soe, é consenso que só encontramos aquilo que estamos procurando quando enfim paramos de procurar.

A particularidade, no caso, reside no fato de que consegui tal proeza durante uma grave pandemia.

Quem, em sã consciência, apaixona-se em meio a uma "epidemia infecciosa que se espalha entre a população localizada numa grande região geográfica"?

Quem?

Eu, graças a Deus.

De todo modo, terei uma ótima história para contar daqui alguns anos.

No mínimo.