terça-feira, 28 de julho de 2020

Quase 38

Sempre fico um pouco mais reflexivo do que o habitual com a chegada do meu aniversário.

Gosto de fazer uma espécie de balanço da "idade que passou" como forma de constatar se, de fato, estou fazendo valer a pena.

Se não estou deixando esse bem tão precioso chamado vida se esvair sem aproveitá-la de modo adequado.

Coisa minha. 

Uma rápida busca ao google me revelou que, em termos de expectativa de vida, encontro-me praticamente na metade da minha jornada. Afinal, estou na iminência de completar incríveis 38 invernos.

Se esticar o pescoço, é bem capaz que consiga ver os emblemáticos 40 anos se formando no horizonte. 

Por via das dúvidas, então, melhor deixá-lo encolhidoAo menos por enquanto, trinta e oito anos já estão mais do que suficientes.

Não vou mentir, é ligeiramente assustador pensar que, se tudo der certo, já vivi metade do que tinha para viver.

Talvez mais, talvez menos. 

Sempre tem aquela margem de erro que, no caso, espero seja para cima. 

Ocorre que, mesmo funcionando como uma espécie de lembrete anual da nossa finitude, ainda assim gosto bastante de fazer aniversário.

Dessa coisa piegas de celebrar mais um ano vivido com sucesso.

Julguem-me!

E isso tudo ganha contornos ainda mais especiais por conta do momento pelo qual venho passando atualmente.

Sei que não deveria falar isso em voz alta, tampouco imortalizar em forma de texto, mas, definitivamente, a fase é boa.

O segundo semestre dos meus 37 anos, que se iniciou neste "bizarro barra peculiar" ano de 2020, em especial, foi-me bastante generoso. 

Ao revés da coletividade, tudo, tudo, tudo, tudo, tudo parece dar certo.

Tudo.

Especialmente no campo amoroso, que, como todos sabemos, é o aspecto principal da vida de qualquer um.

Dias de glória, enfim?

Celebrar mais um ano de vida (de máscara), de todo modo, é praticamente uma obrigação

Algo que, este ano, farei com ainda mais prazer.

Pode vir, 38. 

Estarei lhe esperando com uma cerveja gelada na mão!

quarta-feira, 8 de julho de 2020

A arte de acordar cedo sem necessidade

Quando era adolescente, costumava odiar aquelas pessoas que acordam cedo sem necessidade.

As que, mesmo não tendo qualquer obrigação durante o período da manhã - o que, frisa-se, é um privilégio para poucos -, levantam bem cedo para fazer algo considerado "não útil" (embora isso seja um tanto subjetivo).

Aquele casal que, no auge de um rigoroso inverno, fica tomando chimarrão na sacada às seis e pouco da manhã, saca?

Aliás, lembro certinho de ter passado por um desses casais enquanto me dirigia ao Colégio Dom Bosco, quando ainda morava em POA, em meados de 1997.

Afinal, por que esses filhos da puta não estão dormindo a essa hora da manhã? Por quê? 

Era exatamente isso, com palavrão e tudo, o que eu costumava me perguntar (risos).

Ocorre que, como não cansa de nos avisar o "filósofo" Badauí, o mundo dá voltas.

E, claro, agora eu sou uma dessas pessoas aleatórias que acordam cedo sem qualquer motivo aparente.

No começo, até tinha um motivo justo: pedalar. As longas distâncias percorridas em cima da bicicleta exigiam isso.

Não obstante, mesmo tendo abandonado esse esporte sem qualquer aviso prévio (sim, eu cometi esse crime), continuo com essa mania inerente à terceira idade.

Simplesmente não consigo acordar mais tarde.

Estou desconfiado de que os próximos passos serão decorar o nome das flores e lavar a calçada mesmo em dias de chuva (mais risos).

O fato é que, faça frio ou calor, estou de pé às sete da manhã - às vezes, até antes.

Veja bem: começo a trabalhar às 12 (doze) horas. Às 12 horas!!! Logo, não teria por que acordar tão cedo.

Claro que encontrei algumas ocupações para esse período  ocioso (vou à academia, lido com minhas cervejas artesanais, escrevo, etc).

O que me incomoda, porém, é que todos esses afazeres poderiam ficar para mais tarde. Todos.

Em outros termos, sinto-me um idiota; no mínimo, um desperdiçador de sono.

A verdade é uma só: me tornei uma das pessoas que tanto abominava. 

Não bastasse tudo isso, descobri que minha namorada é exatamente igual a mim nesse aspecto.

Igualzinha. 

Logo, transformar-se naquele desconhecido casal que tanto odiei numa gélida manhã do inverno gaúcho de 1997, de repente, não parece algo tão improvável assim.

Pelo contrário, parece apenas uma questão de tempo...