Lembro-me, como se fosse hoje, do dia em que a mãe dela, também conhecida como minha sogra, durante um café da manhã qualquer, disse-me que tinha uma espécie de segredo para contar.
E que apenas não teria feito isso antes porque tinha medo de me assustar.
Tudo isso sob o olhar vigilante da Juliana, que, ao que tudo indicava, olhava para sua mãe com uma expressão do tipo "será que não é melhor esperar mais um pouco?"
Talvez porque eu faça esse tipo de coisa o tempo todo, a princípio, achei que se tratava de algum tipo de brincadeira.
Então, educadamente, limitei-me a sorrir.
Os risos levemente nervosos, contudo, convenceram-me de que estavam mesmo falando sério.
Naturalmente, fiquei bastante curioso.
O que seria esse segredo familiar tão peculiar, afinal? - lembro-me de ter pensado.
Com o avançar dos segundos, porém, a curiosidade foi dando lugar ao receio.
E aquele suspense todo em torno da iminente revelação não estava ajudando em absolutamente nada.
Literalmente, estava com medo do que estava prestes a ouvir.
Até porque, se fosse algo bom, por que teriam demorado tanto tempo para me contar?
Por quê?
Inúmeras coisas, pois - inúmeras mesmo -, passaram pela minha cabeça.
Minha namorada seria filha do boto? Terraplanista?; ou, pior, uma eleitora do desgoverno Bolsonaro?
Já agoniado, pedi que me contasse logo qual seria o segredo que, pelo jeito, vinha sendo guardado de geração em geração na família.
Minha sogra, então, sem mais rodeios, disparou:
- A fifi, nossa gata, faz xixi na privada.
Antes mesmo que pudesse assimilar a informação recém jogada em meu colo, um "como é que é?" evadiu-se da minha boca.
Ela, então, como quem já esperava a pergunta, rapidamente, explicou-me que havia ensinado a gata de estimação a fazer xixi em uma privada que fica localizada na parte inferior da casa, praticamente não utilizada.
Explicou-me, ainda, que isso é mais comum do que parece, o que foi por mim confirmado em uma rápida e discreta busca no google.
De todo modo, sendo comum ou não, a informação ficou ressoando em minha cabeça por alguns minutos.
Juliana, aos risos, disse à mãe que talvez tivessem revelado o segredo cedo demais, com o que tive que concordar.
Não estava preparado para tamanha revelação.
Como assim, mano?
Talvez seja apenas impressão minha, mas, desde então, parece que a gata tem me olhado de forma diferente.
Com olhos de quem diz "eu sei que você também sabe".
E foi assim que inventei seu mais novo apelido:
A gata que sabia demais.
2 comentários:
Que legal!
Esse dia foi muito engraçado mesmo.
Essa gata merece mesmo um registro é muito esperta. Nós amamos o texto. Parabéns genro e obrigada.
A gatinha dá descarga??? rsrsrs
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